Operários podem ter pressão mais alta que funcionários de escritório

Rio de Janeiro – Se comparados a funcionários que realizam serviço de escritório, operários que fazem esforço físico e já apresentam uma predisposição genética para a hipertensão sofrem maior aumento de pressão arterial e de freqüência cardíaca durante o expediente.

Ao longo da jornada de trabalho, a pressão arterial e a freqüência cardíaca de operários que fazem esforço físico se elevam mais acentuadamente do que as de funcionários que realizam serviço de escritório, segundo pesquisa realizada pela equipe de Roberto Carlos Burini, da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista (Unesp) no campus de Botucatu (SP).
Esse achado comprova que, para avaliar corretamente a pressão arterial e a freqüência cardíaca de um operário, é necessário levar em consideração o estresse pelo qual ele passa em seu ambiente de trabalho. Os pesquisadores investigaram 46 homens que trabalhavam em uma empresa processadora de madeira localizada na cidade de Botucatu.
Desses empregados, 27 estavam na linha de produção e faziam esforço físico, enquanto os outros 19 pertenciam à administração e realizavam serviço de escritório. Além de examinar os funcionários, a equipe de Burini analisou as condições de trabalho desses empregados, verificando os níveis de calor e ruído aos quais eles eram submetidos.
De acordo com os resultados da pesquisa, publicados na Revista de Saúde Pública, os operários da linha de produção tinham as condições de trabalho mais desfavoráveis, pois sofriam com uma maior exigência física, elevadas temperaturas e muito barulho. A pressão arterial e a freqüência cardíaca foram avaliadas durante três dias consecutivos.
A cada dia, elas eram medidas antes do expediente começar, durante o serviço e ao final da jornada de trabalho. Segundo os pesquisadores, esse tipo de procedimento, que leva em conta as condições de trabalho, é mais confiável que o convencional, realizado no consultório médico.
As maiores elevações de pressão arterial e de freqüência cardíaca foram verificadas entre os trabalhadores da linha de produção e, de acordo com Burini e sua equipe, tais aumentos estariam associados ao estresse físico característico das atividades desempenhadas por esses operários.
No entanto, embora sujeitos às mesmas condições de trabalho, nem todos os funcionários da linha de produção tiveram sua pressão arterial e freqüência cardíaca aumentadas durante o expediente. Os pesquisadores sugerem que a explicação para esse fato está na história familiar de hipertensão arterial desses operários.
Ou seja: certos trabalhadores, devido a uma predisposição genética, ao serem submetidos a condições de trabalho estressantes, sofreriam aumento de pressão arterial e de freqüência cardíaca durante o serviço.
Segundo Burini e sua equipe, os resultados dessa pesquisa “sugerem que o estresse ambiental de trabalho é um importante fator a ser considerado na avaliação da pressão arterial dos operários e que, talvez, o estresse ambiental crônico constitua mais um fator na gênese da hipertensão arterial”.

Fonte: Agência Notisa - 25/04/04

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