A violência como ela é e como a população julga ser


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Elaborado em 08/2012.De acordo com pesquisa nacional sobre atitudes, normas culturais e valores em relação à violação dos direitos humanos e violência - 2010, a sensação de crescimento da violência pela população diminuiu.
Pesquisa Nacional, por amostragem domiciliar, sobre atitudes, normas culturais e valores em relação à violação dos direitos humanos e violência - 2010, realizada pelo Núcleo de Estudos da Violência da USP, na qual foram ouvidos habitantes de onze capitais brasileiras, apontou que 73% dos entrevistados sentem que a violência vem crescendo no país (18,9% sentem que ela não cresce e 8,3% sentem que ela diminuiu).  
Isto significa que a sensação de crescimento da violência pela população diminuiu. Em 199993,37% dos entrevistados afirmaram que sentiam que a violência vinha crescendo no país (enquanto que 5,42% sentiam que ela não crescia e apenas 1,21% sentiam que ela diminuía), ou seja, percentual maior que o verificado em 2010.
Importante é sublinhar que não houve uma alteração tão relevante na taxa de mortes: em 1999 ela era de 26,2 a cada 100 mil habitantes, enquanto que, em 2010, ela alcançou 27,3 mortes por 100 mil, colocando o Brasil em 20º colocado dentre os países mais violentos do mundo. De qualquer forma é um paradoxo ter havido aumento na taxa de mortes (de 26,2 para 27,3) e diminuição na sensação de crescimento da violência (de 93,37% para 73%).
Dois fatores devem ser considerados: (a) a sensação de crescimento da violência não está ligada exclusivamente aos homicídios; (b) essa mesma sensação está intimamente conectada com a postura da mídia (que é a grande responsável pela construção da realidade criminal).
Em números absolutos a taxa de mortes intencionais (que faz parte do PIBEx: Produto Interno Bruto de Violência, Criminalidade e Extermínio) cresceu 22%, já que em 1999 haviam 42.914 homicídios e, em 2010, 52.260 mortes violentas foram contabilizadas no país (Datasus (Ministério da Saúde) e do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Um outro fator relevante para a sensação de que a violência vem diminuindo no Brasil é o econômico: afinal, somos a 6ª economia do mundo. A vida de muitos brasileiros mudou para melhor e isso pode contribuir para uma tendência de bem-estar. Como as coisas aparentemente caminham bem por aqui, então, torna-se possível aceitar (ter a sensação) que vivemos num país menos violento.

Autores
  • Luiz Flávio Gomes

    Diretor geral dos cursos de Especialização TeleVirtuais da LFG. Doutor em Direito Penal pela Faculdade de Direito da Universidade Complutense de Madri (2001). Mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo USP (1989). Professor de Direito Penal e Processo Penal em vários cursos de Pós-Graduação no Brasil e no exterior, dentre eles da Facultad de Derecho de la Universidad Austral, Buenos Aires, Argentina. Professor Honorário da Faculdade de Direito da Universidad Católica de Santa Maria, Arequipa, Peru. Promotor de Justiça em São Paulo (1980-1983). Juiz de Direito em São Paulo (1983-1998). Advogado (1999-2001). Individual expert observer do X Congresso da ONU, em Viena (2000). Membro e Consultor da Delegação brasileira no 10º Período de Sessões da Comissão de Prevenção do Crime e Justiça Penal da ONU, em Viena (2001).

  • Advogada e Pesquisadora do Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes
Leia mais: http://jus.com.br/revista/texto/22511/a-violencia-como-ela-e-e-como-a-populacao-julga-ser#ixzz25Yh9Gc3p

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