Lapa, Paraná: bate e volta perfeito à célebre cidade histórica saindo de Curitiba
Publicado 23/01/2018 -
Atualizado 12/06/2019
Fico aqui imaginando se os destinos que envolveram a Revolta da Chibata, a Guerra do Contestado, a Revolução de 1930 ou a Intentona Comunista (outros momentos de audácia e valentia da biografia brasileira) atrairiam tanto um turista como a simplória Lapa, no Paraná.
Praça General Carneiro
A cidade entrou para os livros por conta do Cerco da Lapa, batalha militar que impediu o avanço das tropas contrárias à proclamação da República durante a Revolução Federalista de 1894.
Mesmo os legalistas sendo derrotados neste episódio, a resistência na Lapa foi fundamental para a consolidação da República.
O pequeno município, a 65 km de Curitiba, possui o maior conjunto arquitetônico preservado do Paraná e abriga um pedaço orgulhoso da História do Brasil.
São
14 quadras e 258 construções tombadas pelo patrimônio nacional. A
cidade em si virou uma rara exposição ao ar livre que preserva e conta,
em cada esquina, uma pouco da vida e dos enfrentamentos do século 19.
O QUE FAZER NA LAPA | ATRATIVOS TURÍSTICOS
MONUMENTO DOS TROPEIROS
Logo na entrada da cidade (trevo da BR 476) você encontra o Monumento ao Tropeiro (foto acima), um painel feito em azulejos pelo famoso artista paranaense Poty Lazzarotto.
É um retrato dos tropeiros que faziam da Lapa ponto de parada entre as viagens de Viamão (RS) a Sorocaba (SP).
Você
entra na cidade pelo mesmo caminho que os tropeiros faziam antigamente.
Por isso, a Avenida Dr. Manoel Pedro também é chamada de Avenida das Tropas.
A grande alameda se tornou point
de encontro dos moradores da Lapa e dos turistas que passam por ali. É
toda arborizada e rodeada de lanchonetes, restaurantinhos, sorveterias e
padarias.
CENTRO HISTÓRICO DA LAPA
Um passeio tradicional por aqui deve começar pelo Centro Histórico
(a umas duas quadras da Avenida das Tropas). O município tem feito um
esforço para ficar conhecido como a “Cidade dos Heróis” e, por isso,
investe em pequenos museus e atrativos que reconstituem os 26 dias de
cerco.
Existe um passaporte único (R$ 3) para conhecer três deles: Theatro São João, Museu Histórico e Museu de Armas.
Você pode comprar o passe tanto no teatro quanto no museu de armas e
nos outros recebe um carimbo de controle. (Valor de junho de 2019)
THEATRO SÃO JOÃO
O Theatro São João, em frente à Praça General Carneiro,
foi construído em 1873 e chegou a receber a visita do Imperador D.
Pedro II. O palco tem estilo italiano e a platéia, elizabetano. A
fachada recebeu influência do neoclássico.
Com capacidade para 212 espectadores, durante o Cerco da Lapa o
teatro virou uma enfermaria improvisada e foi bastante atingido pelas
balas de canhões das tropas que invadiam o lugar. É absolutamente lindo e
preservado por dentro.
MUSEU HISTÓRICO DA LAPA
Já o pequeno Museu Histórico,
ao lado do teatro, mostra o contexto do Cerco da Lapa. O local guarda
documentos e objetos pessoais do General Carneiro (considerado o grande
herói do conflito) como a espada, a carabina, as medalhas, o diário e
até um lenço machado com o sangue do militar. Uma linda pintura em tela
reproduz o leito de morte do general.
CASA DE CÂMARA E MUSEU DE ARMAS
A 200 metros, na mesma rua, subindo uma suave ladeirinha, você encontra a Casa de Câmara e Cadeia (foto acima), onde está o Museu de Armas.
Aqui, estão expostas as armas da Revolução Federalista e as que foram
usadas pelo Exército Brasileiro durante o período do Império.
São
canhões, fuzis, metralhadoras e muitas balas, dos mais variados tipos e
tamanhos, algumas retiradas da Fortaleza de Nossa Senhora dos Prazeres,
na Ilha do Mel.
Algumas fotos, recontam trechos do episódio militar que marcou a
história da cidade. No piso superior, funciona a Câmara de Vereadores da
Cidade.
PANTEON DOS HEROES
Após essa introdução ao aspecto histórico do acontecido vá em direção ao Panteon dos Heroes (escrito desta forma, quase tudo em espanhol, porque faz uma referência ao portuñol dos
combatentes do Cerco da Lapa. Total influência daquele perrengue do
Tratado de Tordesilhas que – lá nos primórdios – cedia boa parte do sul
do país aos espanhóis).
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Aqui
estão os restos mortais do General Gomes Carneiro e de seus bravos
companheiros. Os canhões que adornam o monumento são originais,
abandonados pelas tropas federalistas durante o recuo para o sul.
CASA LACERDA
Já
deu para perceber que todos os caminhos da Lapa levam você a algum
ponto da zica que foi o conflito. Em frente ao Panteon, por exemplo,
está a Casa Lacerda, onde foi assinado o ato de
rendição da cidade entre Maragatos e Pica-Paus. Hoje, convertida em
museu, retrata como vivia uma família de classe média na época.
Os
móveis estão impecáveis e para proteger o piso de madeira original o
visitante é obrigado a colocar um chinelo especial para circular pela
casa. Por ser um museu federal, a Casa Lacerda não entra no passaporte
de museus municipais da Lapa. Mesmo assim, a entrada é simbólica: R$ 3.
IMPORTANTE | No momento, a Casa Lacerda está fechada para restauro.
Informações de junho de 2019.
CASA DA MEMÓRIA OU CASA DOS CAVALINHOS
Ao lado do Panteón dos Heroes fica a Casa da Memória, mais conhecida como Casa dos Cavalinhos.
É uma das minhas construções preferidas na cidade. Recebeu este nome
por causa do desenho dos 10 cavalos alados na fachada e laterais.
A
casa foi comprada e restaurada pela prefeitura. Atualmente abriga
documentos históricos do município, incluindo livro raros e antigos
atingidos por balas durante o Cerco da Lapa.
SANTUÁRIO DE SÃO BENEDITO E MATRIZ DE SANTO ANTÔNIO
O turismo religioso da Lapa concentra-se no Santuário de São Benedito (foto acima) e na Igreja de Santo Antônio (foto abaixo).
Esta
última (em frente ao Theatro São João) é a edificação mais antiga da
cidade (tombada pelo IPHAN, Instituto do Patrimônio Histórico e
Artístico Nacional desde 1938).
Já o santuário, mais moderno, guarda uma imagem de São Benedito da antiga capela erguida por africanos escravizados em 1870.
IMPORTANTE |
Todos os atrativos da cidade como o Theatro São João, Museu Histórico,
Museu de Armas, Casa da Memória, Casa Vermelha e Casa Lacerda NÃO abrem
na segunda-feira. O horário de funcionamento é de terça a domingo, das 9h às 17h. O melhor período para visitar a cidade é aos finais de semana. Recordando que a Casa Lacerda está fechada para restauro.
PARQUE ESTADUAL DO MONGE
Um pouco mais afastado do centro (3,5 km), no final da Avenida Getúlio Vargas, está o Parque Estadual do Monge.
O
local foi morada de um monge conhecido como João Maria D’Agostinis,
ermitão que vivia no que ficou conhecida como Gruta do Monge.
A
gruta é centro de peregrinação religiosa. Há vários depoimentos de
graças alcançadas e de visões da Virgem Maria. Dizem que só os puros de
coração conseguem ver a santa.
Eu
(glupt!) não vi nada. Atualmente o parque passa por obras de
revitalização e você só tem acesso à trilha que leva até à Pedra
Partida, a tal gruta onde viveu o místico João Maria.
ERVA MATE LEGENDÁRIA E MUSEU DO MATE
Outro ponto interessante é a visita à fábrica Erva Mate Legendária, onde está localizado o Museu do Mate.
O ciclo da erva-mate marcou o século 19 na região e foi importantíssimo
para o desenvolvimento econômico e social do estado do Paraná.
O
pequeno museu conserva peças usados na colheita, produção e
distribuição do produto, além dos utensílios necessários para servir o
afamado chimarrão.
O museu é
particular e a visita tem que ser agendada pelo telefone (41) 3622-1303.
Rua Octavio Jose Kluss, 800. Está perto do centro.
ALAMBIQUE DO LARA
O Alambique doLara há
mais de 15 anos fabrica a cachaça artesanal DoLara, daquelas
envelhecidas em barril de carvalho. Mas o produto mais famoso do
alambique é a cachaça Na Bunda, que virou o souvenir preferido dos
turistas que visitam a cidade por causa do divertido rótulo.
O alambique está a 6 km do trevo que dá acesso à Lapa e a 300 metros da Potencial Biodisel. A visita tem que ser agendada pelo telefone (41) 9 9989-3962 ou (41) 9 9926-7415.
No momento, não estão recebendo visitação. Caso você queira só comprar a
cachacinha é possível encontrá-la em diversos pontos da cidade.
ONDE COMPRAR NA LAPA
CASA VERMELHA
A Casa Vermelha é o centro de artesanato da cidade. Também abriga o pequenino (mas interessante!) Museu dos Tropeiros e a Sala da Congada.
Foi
construída no sistema de “taipa” (ou pau a pique), estilo
“arquitetônico” que pode ser visto com um recorte feito na parede do
lugar.
Antigamente era uma espécie de
armazém de secos e molhados. Hoje o lugar vende diversos tipos de
artesanatos produzido pelas associações da cidade, inclusive a cachaça
do Alambique DoLara. Está na esquina das Ruas Barão do Rio Branco e
Hipólito Alves de Araújo.
ONDE COMER NA LAPA
Restaurante Espaço Único: sistema self service com comida tropeira.
Visitar a Lapa é sua grande oportunidade para aproveitar a deliciosa culinária lapeana:
costela de porco frita, feijão tropeiro e quirera feita com milho
quebrado, cozido e socado no pilão. Para mim, lembra muito a comida
mineira.
Apenas três restaurantes oferecem a comida típica: Lipski Restaurante (o melhor e mais caro), O Casarão (com preços médios – Alameda David Carneiro, 307. Tel: (41) 3622-0020. Em frente à Câmara e Cadeia) e o Espaço Único (mais
econômico com sistema self service a quilo e livre – Praça Castelo
Branco, 326. Tel: (41) 3622-8114. Fica ao lado da Igreja Matriz).
No
Espaço Único, de segunda a sexta o quilo sai por R$ 42,50 e o buffet
livre está R$ 26 por pessoa. No sábado, o quilo está R$ 52 e o livre sai
por R$ 32. Já no domingo só trabalham com buffet livre a R$ 38 por
pessoa. Crianças têm desconto! (Valores de junho de 2019).
Mesmo que você não queira almoçar aqui prove a fantástica e mítica Coxinha de Farofa.
Sua origem é controversa, mas reza a lenda que há muitos anos, durante a
festa de São Benedito, acabou a comida e começaram a fazer a “coxinha”
com sobras de frango e massa de pastel.
É
levemente crocante por fora e recheadíssima por dentro. O quitute se
tornou uma iguaria e virou símbolo da Lapa. Eu compro sempre na Padaria Zeni
(Avenida das Tropas). Custa R$ 3,95 cada e é possível levar para
viagem. Mas a coxinha também é vendida é outros pontos da cidade.
Outra delícia da região é vendida na Biscoiteria
(Rua Des. Westphalen, 430. Tel. (41) 3622-7799), que fica ao lado da
Casa dos Cavalinhos e perto do Panteon dos Heroes. Em caixinhas vintage
que contam na embalagem o imbróglio do Cerco da Lapa são vendidos
deliciosos biscoitinhos com receita centenária.
ONDE DORMIR NA LAPA
A visita à Lapa funciona quase sempre como uma bate e volta de quem está hospedado em Curitiba. Mas se você quiser passar um final de semana por aqui segue uma boa sugestão:Pousada Solar da Lapa
Excelente localização, ambientes renovados, limpeza incrível e café da manhã farto. A hospedagem tem nota 9,5 na avaliação dos hóspedes. Diária para casal a partir de R$ 270.
O slogan “sou brasileiro e não desisto nunca” bem
que poderia ter nascido aqui. O Cerco da Lapa é o retrato de um pequeno
grupo (pouco mais de 600 homens) que enfrentou os mais de 3 mil
rebeldes que queriam manter a coroa portuguesa no país. (Há muitas
teorias sobre as motivações dos federalistas. Eu acredito nessa.)
Resistiram
durante 26 dias, muitos – inclusive os principais líderes – morreram em
combate porque acreditavam na República e queriam ver o Brasil nas mãos
dos brasileiros.
COMO CHEGAR À LAPA-PR
Saindo
de Curitiba pela BR 476, indo pelo município de Araucária. Está a 65
quilômetros da capital paranaense. Há pedágio no trecho.
Central de Informações Turísticas
Praça General Carneiro, 116 – Centro
Tel. 41 3911-1165
E-mail: informações _turísticas@lapa.pr.gov.br
Horários dos museus e do theatro: terça a domingo, 9h às 17h. (A Casa Lacerda está fechada no momento para restauração.) Informações de junho de 2019.
Fotos: Sílvia Oliveira | Todos os direitos reservados.
Fonte: https://www.matraqueando.com.br/lapa-parana-como-organizar-um-bate-e-volta-perfeito-saindo-de-curitiba
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